Exercer o ministério pastoral, em sua essência, em tempos de crises não é nada fácil. Especialmente quando o próprio pastor pode ser vítima dos mesmos males que acometem as ovelhas do rebanho. É o pastor ferido entre as ovelhas feridas, que caminham sob sobressalto, em busca de respostas para o que está ocorrendo. Por amor ao rebanho amedrontado, o pastor se expõe ao perigo, tornando-se vítima da mesma peste que lhe arrebata as ovelhas. São muitos os pastores, não sabemos os motivos, que neste período perderam suas vidas, deixaram seus rebanhos com maiores temores e indagações não respondidas. Quando o lobo ataca o pastor e consegue eliminá-lo de suas lides, não há como classificar o estrago feito ao rebanho.

Por ser pastor, ele atua como capelão no campo de batalha, esquecido que o inimigo não faz distinção de suas vítimas. A dor da família que fica, a angústia que invade o rebanho, à procura uma resposta para o inesperado, não encontra consolo, a não ser na certeza de que o Supremo Pastor continua presente na vida da grei.

São momentos críticos e difíceis de serem vivenciados, sem uma base bíblica sólida, uma doutrina fundamentada na palavra de Deus e um ministério comprometido apenas com Cristo.

Precisamos aprender a conviver com sua ação mortal. O ataque do vírus moral que destrói os valores que ainda alimentam a sociedade, só pode ser resistido com o antídoto do evangelho de Jesus Cristo. Cabe ao pastor sobrevivente enfrentar o inimigo em suas mais diferentes frentes de confronto. A perda de um pastor significa um grande vazio na causa do Senhor. É preciso revestir-se da armadura de Cristo (Efésios 6.10-20), sem esquecer dos cuidados profiláticos pessoais, que assegurem sua própria sobrevivência. O pastor não está isento de sofrer os ataques que roubam-lhe suas  frágeis ovelhas. Não há um armísticio de paz com o inimigo.

Às Igrejas que perderam seus pastores e líderes resta o consolo oriundo das misericórdias  divinas, que não falham. Não é fácil perder o líder, mais difícil ainda é buscar alguém para substituí-lo.

A ferida aberta pela pandemia ficará como marca inapagável para sempre. Não haverá um novo normal, apenas um sabor amargo de uma luta vencida pelo inimigo. Reafirmar a fé na certeza que Deus continua no controle de nossas vidas e o universo está sob Seu controle absoluto. A recomendação paulina aos tessalonicenses no capítulo 4 versículo 18 é atual para os nossos infortúnios. “Consolai-vos uns aos outros”.

Pr. Julio Oliveira Sanches

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